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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Juízo Afinal



Não haverá medo e nem perigo
Você poderá meter o pé na jaca a vontade
Não será despedido, pois seu chefe não vai pitar nada
Assim ficará sem vontade de manda-lo as favas

Não irá gastar seu tempo com loterias
Será uma bobagem!
Todos os bilhetes serão premiados
E vai dar uma merreca para cada um

Nenhum trigo será transgênico
Nem papel higiênico será feito de arvore
Não haverá a transposição do São Francisco
Nem pistolas e nem canhão, acho que isso será bom

O sertão não vai virar mar
E nem o mar irá virar sertão
O que é, continuará como sempre foi
E o que não é, nunca será e fim de papo

Alfa será sempre alfa
E deixará beta em paz
O consumo não te assustará jamais
Pois os cartões ficarão cheios de crédito

Não haverá mais filas
Não haverá mais senhas
Nem prazo para pagamento
E todas as bundas serão quadradas

Não haverá mulheres frutas
Nem homens bananas
Todos serão iguais
Isso evitará muita discórdia e confusão

As Giseles serão como as Marias
Os Zés como os Manés
Os motores terão as mesmas potências
Assim os fusquinhas correrão como as Ferraris

Vestiremos todos da mesma cor
Se for macacão todos de macacão
Se for jaleco branco e estetoscópio no pescoço
Assim será

Times diferentes
Nem pensar
Todos gritarão “goool” na geral
Não importa em que rede a bola entrar

O começo ficará sempre no início
E o fim ficará eternamente em seu devido lugar
Não se chateará da incompetência
Nem se vangloriará da sua fabulosa ereção

Afinal no Dia do Juízo Final, sem enchimento de saco
Iguais descansaremos enfim, todos confiáveis e destemidos
Para sempre no tão sonhado Paraíso
Seja bom ou seja insípido


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