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sexta-feira, 13 de março de 2015

O pau de arara não morreu



O pau de arara não morreu
Poucos privilegiados na boleia
A maioria na carroceria
Mas como sempre, comendo pó

A viagem é dura
A estrada não perdoa os frágeis
Só os fortes e insistentes chegam lá
Sovando a bunda, calejando a alma

Sonhando com comovente alegria
Por mudanças na história
Seguem com a tutameia da vida
Na carroceria do macabro caminhão

A boleia sofisticou
Tem banco de couro e ar condicionado
A carroceria também mudou
Há mais espaço, e se não houver se cria

As que não aguentam, morrem
São descartadas inclusive das estatísticas
As que sobrevivem, se espremem
E são alimentadas por histórias engraçadas

Contos que geram esperanças e expectativas
Mas sempre mal contadas
Distorcidas e alteradas
Suporte por anos, a seus dias de migalhas

A carroceria agora virou fila de hospital
Atendimento nas macas
Virou promessas de campanha eleitoral
Juros e preços altos

Enchentes, deslizamentos levando gente
Apertos no metrô e assaltos na lotação
Virou também milhares sem casa
Tantas outras entregues que ficarão trincadas

Virou desemprego e desilusão
Enfim...muita gente nos banquinhos do centro
Nas grades penduradas, até mesmo em cima dos pneus
Mas no mesmo terror de caminhão


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